Minami Keizi (1945 - 2009) faleceu no dia 14 de dezembro de 2009. Ele foi um dos fundadores da Edrel, editora na qual Seto publicou seus primeiros quadrinhos. Recentemente encontrei um blog (Memórias de um Contador de Mentiras) no qual ele registrou alguns pensamentos, entre eles algumas coisas sobre Seto.
O ENIGMA DE CLAUDIO SETO (05 de dezembro de 2008)
A maioria das pessoas conheceu Cláudio Seto desenhista. Admirou seus belos traços e o seu estilo inconfundível. Cláudio Seto foi um ícone de uma época. Nascido em 1944, tornou-se nacionalmente conhecido em 1967, com as revistas de quadrinhos como “O Samurai”, “Ídolo Juvenil – Flavo”, “Ninja, o samurai mágico”, publicações editadas pela Editora Edrel. O mangá estava introduzido no Brasil; hoje, uma febre nacional, por que não dizer no mundo.
Porém, pouca gente conheceu Cláudio Seto homem como eu o conheci. Seto era completamente Zen; convivia harmoniosamente com o rústico e o suave. Nestes últimos anos dedicava mais tempo na arte do bonsai. Seto foi para o andar de cima em 15 de Novembro de 2008, deixando um enigma para seus amigos e leitores.
Nas suas várias entrevistas, algumas disponíveis na internet, ele cita um irmão gêmeo que o ajudava a desenhar, desde os tempos da Edrel. E diz que eu sempre desconfiei de alguma coisa: intuição de editor, dizia ele. Após seu passamento, fui alvo de uma saraivada de perguntas dos curiosos que queriam completar a biografia de Cláudio Seto: o que eu sabia a respeito do irmão gêmeo que nunca ninguém o viu ou o conheceu.
O Cláudio Seto era tão criativo que não cabia dentro de si. Tinha que dividir a sua originalidade com alguém, senão ele implodiria. E nada melhor que um êmulo, um adversário à altura, ele mesmo, um irmão gêmeo. Eu estranhava porque, quando era editor, na Edrel, recebia os desenhos dele assinado “Cláudio Seto”, e, às vezes, somente de “Chu”, de Chuji Seto Takeguma. Hoje, ele estava de barba, no dia seguinte, sem nada.
Se você quiser conhecer uma pessoa realmente, vá pescar com ele. E eu estive pescando com ele no Saldo de Avanhandava.
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REFLEXÃO I (24 de março de 2009)
Hoje, amanheci com dor no peito. Parece que meu fim está chegando. Estou muito cansado. Volto muito ao meu passado. Não que eu queira, mas constantemente estou mergulhado em pensamentos. Lembro dos primeiros tempos, quando tentava ser desenhista de HQ. E vejo que construi uma história, um marco nos quadrinhos brasileiro. E me faz recordar que meus amigos, meus colegas, meus mestres estão indo embora. O meu primeiro mestre, Antonio Duarte se foi. Wilson Carlosmagno, Nelson Cunha, Gedeone, Eugenio Colonnese, Queiroz, Lyrio Aragão, Luis Sátiro, Fabiano Júlio Dias, estão todos no andar de cima. Quanta saudade!
Recentemente o Claudio Seto. Estive com ele no 20 HQ MIX, quando comentei com ele:
- Pois é, Seto. Estamos recebendo muitas homenagens. Isto quer dizer que estamos na reta final...
Em novembro de 2008, foi a vez do Seto, devido ao A.V.C. hemorrágico.
Ando muito fraco. Não consigo caminhar a longa distância. Outro dia, cai no meio da rua, sentado, como um monte de bosta. As pessoas são solidarias. Logo um senhor me ajudava a se levantar. Dentro do Banco, umas moças me ajudaram a subir as escadas.
Também sinto saudades da patota do cinema da Boca do Lixo, que não existe mais. A maioria também se foi. Porém, contarei esta minha passagem outra hora
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